maio 18, 2009

ENTREVISTA COM MURILLO FLORES

ENTREVISTA COM MURILLO FLORES   - MURILO http://murilloflores.com.br/em_cartaz_14.html

Versatilidade
7/1/2009
Mix fala com Murillo Flores, criador de Nata$hara$ha e que vem fazendo sucesso na Escolinha da Band
Por Irving Alves


Com 25 anos de carreira, o ator sul-mato-grossense Murillo Flores é conhecidíssimo no meio gay graças ao seu personagem Nata$hara$ha. É com ela que o artista se apresenta em casas do circuito LGBT há mais de 15 anos, criando uma marca registrada na hora de fazer dublagens e números de humor. 

Flores também criou uma série de personagens femininos e outros inspirados em figuras conhecidas no cenário nacional, trilhando um caminho respeitado no teatro. Seu talento fez com que fosse convidado para viver o paranormal Diego Varejon no programa "Uma Escolinha Muito Louca", da Band. 

Num papo com o Mix, o ator fala sobre sua entrada na TV, da polêmica gerada por personagens gays e, claro, sobre a diva Nata$hara$ha.

Como surgiu o convite para a Escolinha? O Diego Varejon foi criado especialmente para o programa ou ele já existia?
O produtor do programa, Delvair Thomazelli, que já conhecia meu trabalho, me convidou para fazer o teste de alguns personagens e também para apresentar alguns dos meus. Acabou que escolheram o o esotérico Pietro Bueka, personagem que eu já interpretava no espetáculo "Tudo Pelo Social". Na escolinha ele se transformou em Diego Varejón.

Você é conhecido por atuar em produções teatrais de temática gay e por se apresentar em clubes do meio. Investir nesse segmento é prioridade para você? 
Não exatamente. Faço teatro há 25 anos, mas por conta da personagem Nata$hara$ha, muitos espetáculos que montei em São Paulo acabaram conquistando o público gay. Na verdade, o perfil da minha companhia é o de montar comédias com uma linguagem bem específica. Antes disso tudo eu já havia trabalhado na TV, mas com sucesso alcançado pela Escolinha estou mais focando nesse segmento. O que acontece é que muita gente acabava conhecendo mais a personagem e ligava uma coisa à outra, mas sempre tive todos os perfis de personagens. Acho bacana estar fazendo o Diego na TV porque mostra mais meu trabalho como ator e desvincula um pouco desse estigma. Por conta deste rótulo, cheguei a recusar muitos convites de emissoras. 

Você interpreta alguns papéis femininos, como a apresentadora Marcia e a enfermeira doidona Mildred. Qual o grande barato em fazer mulheres?
É preciso saber fazer mulheres. É bem diferente de uma drag queen. Como ator, coloco em cada personagem muitas doses de realidade. Com Nata$hara$ha, por exemplo, eu interpreto uma personagem que se aproxima muito do perfil de muitas mulheres, tanto na postura, quanto no modo de se vestir, mas sem afetações, sabe? A enfermeira Mildred é mais fanchona, tipo aquelas enfermeiras do tempo da guerra, e a graça dela está numa certa caricatura. Já com a Marcia, assim como com Ana Maria Braga, eu costumo reinterpretar, não imitar. Não me acho com muito talento pra fazer imitações, mas gosto de buscar a essência da pessoa para reinterpretá-la.

Um de seus personagens, o costureiro Clo 2 Vil, satiriza uma figura bem conhecida até no cenário político. Já enfrentou problemas por isso? 
Esse foi montado num show quase que por brincadeira e acabou ficando. Mas tem uma coisa importante pra mim: eu não interpreto quem eu não goste. Apesar de toda imagem polêmica do Clodovil, eu gosto muito dele, assim como sou fã da Marcia. Nunca tive nenhum problema com esses personagens porque mesmo fazendo uma sátira, procuro sempre respeitar a pessoa. Tem muita gente que imita certos artistas denegrindo a pessoa. Isso eu procuro não fazer.

Como é estar na TV? As bees te reconhecem na rua?
Nem tanto, mas o público em geral, sim. É interessante a diferença do público do teatro para o da TV Sempre fui reconhecido por quem me vê no teatro e a reação deles sempre foi mais comedida. Na TV parece que causa uma euforia maior, mas sempre com muito respeito. Já foram criadas mais de seis comunidades em sites de relacionamentos para o Diego Varejon desde que o personagem entrou no ar. Eu procuro dar atenção a todos sempre, porque acho que isso é importante. diariamente recebo muitos emails e mensagens nos sites. tenho procurado dar atenção a todos sempre que posso.

O Mateus Carrieri faz uma pintosa na Escolinha. Como vc vê os personagens que satirizam os afeminadas?
Acho que muitas vezes os programas erram feio. Mas para mim, o público gay tem reagido exageradamente à alguns personagens. Imagine se todos os negros reclamassem dos personagens negros, as prostitutas reclamassem de todas as Capitus da vida... Mas com relação ao personagem do Mateus, acho que está na medida certa. Nem sei bem se o personagem é mesmo gay. Mas não importa se você vai fazer um gay enrustido ou uma bichona. O segredo é você primeiro se divertir, porque ajuda a passar credibilidade. Também não exagerar demais na interpretação senão fica caricato. Mas eu mesmo conheço um monte de pessoas, gays ou não, que são a cara do Raul Pitbull. 

E a Nata$hara$ha, seu personagem mais conhecido no meio gay, como anda?
Ela é pra mim o mesmo que Olga del Volga era para o Patrício Bisso ou o que a Tootsie era para o Dustin Hoffman. É a personagem mais elaborada que tenho, tanto que a uso em standups e em todos os shows. Só faço sempre questão de que as pessoas percebam que ali há um ator fazendo aquela personagem. Nata$hara$ha trabalha na Blue Space e na Nostro Mundo (casas gays de São Paulo). Raramente viajo ou levo para outras casas. 

A Escolinha da Band está rendendo bons índices de audiência mesmo sendo uma fórmula antiga. A quê você credita isso?
Muitas versões da atração já foram feitas e é provável que a receita perdure por algum tempo. Mas o grande segredo desta versão é a variedade de novos artistas que estão sendo apresentados e a ideia de trazer um programa leve. Nesse ponto está dando bem certo. Fora o fato de que tem sido muito bom trabalhar na Band pela liberdade que todos os artistas têm. O clima das gravações é mais divertido e acho que esse é um dos segredos desse bom resultado.

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